Os Estados Unidos e a União Europeia devem tomar uma posição solidária e dura face à política da Rússia no Cáucaso, considera o jornalista Vladimir Dolin, especialista em assuntos caucasianos.
“Se os Estados Unidos e a União Europeia reconhecem a integridade territorial da Geórgia, devem condenar a agressão militar russa na Ossétia do Sul, pois esta região faz parte da Geórgia. Caso contrário, Moscovo continuará a política de agressão face a outros vizinhos” - declarou o jornalista à agência Lusa.
O jornalista defende que se a Rússia continuar a sua ofensiva militar, a Geórgia poderá deixar de existir como estado uno, transformando-se “numa manta de retalhos”.
Segundo ele, “se Washington e Bruxelas não tomarem uma posição firme e clara, a Ucrânia será a próxima vítima da Rússia, pois esta não esconde as pretensões territoriais face à Crimeia. E depois chegará a vez dos países bálticos”.
“Daí até a uma nova guerra fria vai um passo. Neste caso, Moscovo tem uma alavanca importante de pressão que é o fornecimento de gás e petróleo à Europa” - acrescenta Vladimir Dolin.
“Além disso, a continuação desta política por Moscovo poderá levará o Kremlin a fazer alianças com regimes como o Irão ou outros do género” - continua.
"Através de meios diplomáticos, mas a União Europeia e os Estados Unidos devem travar a ofensiva do Kremlin. Isso pode trazer problemas à União Europeia, mas trata-se de uma questão de princípio” - sublinha.
“A Rússia irá comportar-se como a permitirem comportar-se. Se os Estados Unidos e a Europa cederem no caso da Geórgia, não ficam com garantias de que o Kremlin irá acalmar-se. Não pretendo comparar Putin a Hitler, mas a situação faz lembrar o erro das potências europeias face à Alemanha na véspera da Segunda Guerra Mundial”- defende o jornalista.
O problema entre a Geórgia e as repúblicas separatistas pode ter solução, mas é complicada e a longo prazo.
“No ideal – defende Vladimir Dolin - , nas zonas do conflito poderão ser instaladas forças de manutenção da paz europeias, que deverão proteger os interesses da população ossete e georgiana”. “estabilizada a situação, poder-se-á passar à resolução de outros problemas” - concluiu.