E a verdade é que esse "Portugal" que se perdeu à 430 anos não mais foi encontrado... Essa foi a maior perda, da qual ainda não nos restabelecemos.
O certo é que D. Sebastião perdeu, talvez por um erro de visão, talvez por um erro de estratégia, talvez por mero azar e que Portugal também se perdeu numa batalha desigual. Mas só as grandes nações têm a audácia de se envolverem em grandes batalhas e só as grandes nações sofrem grandes derrotas. Hoje nem grandes derrotas podemos almejar, pois a nossa constrangedora pequenez não o permite. Acreditem, só os gigantes caem do alto!
E se a "Jornada de África" tivesse sido bem sucedida? Imaginam o quadro geoestratégico? D. Sebastião deve ter imaginado. Provavelmente foi incauto e demasiado audaz, julgando que a fortuna protege a sua raça, mas isso nem sempre acontece...
Lembro-me de ver representações de D. Sebastião como parvinho, incapaz, deficiente e até paneleiro, assim sem eufemismos. Tudo foi feito para denegrir a sua imagem, como sempre acontece aos derrotados. No entanto, contesto as raivosas alcunhas e caracterizações. O rei era jovem, talvez excêntrico, talvez sonhador, mas dificilmente o "pedaço de asno" vegetativo que alguns afirmam. É um incapaz capaz de se realizar na caça, nos exercícios militares? É um asno capaz de se dedicar ao estudo da História? Sim, não se casou, não acautelou o futuro do reino... Criado por desvairados jesuítas e crente num sonho de ser "Capitão de Cristo", talvez isso não fosse sua prioridade. Mas isso faz dele um efeminado, um rei amaricado? Não me parece! Mas noto como foi rápida a apontar o dedo a nossa sociedade liberal que, na actualidade, acolhe boçalmente no seu regaço, heróis televisivos aberrantemente efeminados... Noto como a intelectualidade nacional, sempre defensora do direito à diferença, foi tão rápida a rotular o nosso Rei...
Percebeu Camões que as "maravilhas" das jovens idades podem ser fatais... Ontem e hoje. Os jovens gostam de ser diferentes, desafiam, arriscam... Agora somem essa natureza própria da juventude ao poder de um rei! Faltam-vos na actualidade exemplos de jovens que se perderam na fama e riqueza?
D. Sebastião foi "fatal", mas será sempre Desejado e, um dia, merecerá bem mais do que uma patética estátua...
Destinado a sonhar,
O sonho quiseste cumprir.
Quiseste o Império aumentar,
Outro futuro decidir.
Mas quis um triste destino,
Que o sonho, em vez de sê-lo,
Se tornasse um crepúsculo,
Prenuncio do pesadelo.
E todos os que tombaram,
Essa nobre alma Lusitana,
Para sempre nos faltaram
Na maior grandeza humana.
Ficou o reino desamparado,
À mercê de mil enganos.
Vendo inimigos coroados,
Desgovernando por muitos anos.
Mas muito tempo passado,
Teu mito ainda perdura,
Como um sonho abençoado,
Como a completa ventura.
Pois ainda se espera o obreiro
Da glória de Portugal,
Rei vindo do nevoeiro,
Para tornar o sonho real...
P.Ventura
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