Lisboa, 30 Jul (Lusa) - A linguagem utilizada nas mensagens de telemóvel e nos programas de comunicação instantânea, como o Messenger, tem vindo a ser transportada pelos mais jovens para o contexto escolar, surgindo nos trabalhos e até nos testes.
"É certo que a língua não é homogénea e que os jovens utilizam abreviaturas e um estilo coloquial quando enviam SMS ou estão no Messenger mas, na comunicação escrita formal, devem seguir a ortografia em vigor", defende João Malaca Casteleiro, Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa para quem "estes dois planos não podem ser confundidos".
Todavia, a realidade é distinta - os estudantes nem sempre estabelecem uma fronteira entre as formas de comunicação informal e a grafia a utilizar na sala de aula.
"Esta nova linguagem não tem regras, pois os adolescentes tanto usam o 'x' para substituir 'ss', 'ch' e 'os' como no lugar do 'ç', havendo palavras que ficam bastante diferentes das originais, como 'tamx' (estamos) ou 'kuraxao' (coração)", contou Rosário Antunes, professora de Português.
Preocupada com o futuro da Língua Portuguesa, Rosário Antunes lamenta que os mais jovens estejam "a esquecer-se da pontuação, a escrever com maiúsculas indiscriminadamente, usando-as no meio e no fim das frases, e a abandonar cedilhas e acentos".
"Como não os utilizam nas mensagens de telemóvel, também não os põem quando escrevem à mão, pois deixaram de saber onde os colocar", revelou à Lusa
O desconhecimento da língua é tal que, quando o corrector ortográfico detecta um erro, os miúdos - em vez de verem o termo correcto sugerido - adicionam a palavra errada ao dicionário do computador por pensarem que este é que não a reconhece", contou.
As deficiências nesta área vão, porém, mais longe, "chegando ao ponto de muitos estudantes não conseguirem perceber que existem diferenças entre o Português de Portugal e o do Brasil".
E qual é a reacção dos alunos quando um professor faz a distinção entre a grafia certa e a errada, quando lhes explica que não é assim que se escreve determinada palavra?
Segundo a professora do Estabelecimento Vilamar, "a resposta é, invariavelmente, 'mas assim percebe-se na mesma o que queremos dizer'. Para eles, é apenas isso que importa".
Eu já tinha avisado para este perigo. A geração dos facilitismos e facilidades prepara-se para destruir um legado com centenas de anos. Mas a culpa não é só deles...
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